quarta-feira, 5 de junho de 2019

Ato XI - Globalismo, da Servidão aos Metacapitalistas


Globalismo, da Servidão aos Metacapitalistas - Livro - Oligopólio - Monopólio - Reforma Tributária - Estado


(NARRADOR)
A inexorável expansão econômica pós-guerras extrapolou as fronteiras internacionais em busca por novos mercados e tornou alguns burgueses, agora não mais capitalistas mas metacapitalistas, tão formidavelmente ricos que não tem mais interesse em se sujeitar aos riscos inerentes ao sistema capitalista. Passaram a flertar com o Estado buscando proteção contra a livre competição e o ônus da inovação constante. Refugiaram-se na forma de monopólios e de oligopólios institucionalizados, dissolvidos na burocracia e na repressão social assegurados pela proteção dos grandes e pesados castelos modernos. O poder deslocou-se da produção da riqueza para o controle político-social.

CENA 1
Descrição da cena: Arthur manda confiscar toda a produção de queijos de Rafael, que protesta em vão, enquanto Guilherme vai carregando o material para a viatura.

RAFAEL               
O senhor não pode levar meus queijos! Larga isso!
ARTHUR              
Eles estão fora do padrão sanitário. Toda a produção será confiscada e incinerada. Pode levar Guilherme.
GUILHERME        
Sim senhor!
RAFAEL                
Padrão sanitário? Meus queijos são famosos em toda a Canastra! Minha família é queijeira há três gerações, nosso queijo é premiado até na França! Como pode dizer que está fora do padrão?
ARTHUR               
Recebemos uma denúncia de que as suas instalações são inadequadas (lendo). Pelo o que eu constatei aqui, o banheiro dos funcionários não possui um vestiário adequado.
GUILHERME        
Só tem dois banquinhos e um cabideiro... como é que podem trabalhar assim! (Balançando a cabeça, em desaprovação)
ARTHUR              
 Vou ter que apreender toda a sua produção de queijos, sinto muito.
RAFAEL                
Meu banheiro o que?!? O que tem a ver o meu queijo com um vestiário idiota?  Larga esse queijo! (Arrancando o queijo da mão de Guilherme)
ARTHUR               
Eu apenas fiscalizo. Vejo aqui que o senhor também perdeu o prazo de adequação após a notificação por escrito (conferindo novamente os papéis). Pode levar Guilherme.
GUILHERME       
Sim senhor. (Retirando o queijo das mãos de Rafael)
RAFAEL                
Aqui na região a produção é toda tradicional, sempre foi. Já gastamos uma fortuna para regularizar a produção:  azulejamos a sala de ordenha, cobrimos e cimentamos o curral, levantamos edículas para processar, maturar, embalar e expedir o queijo...
ARTHUR               
Não é suficiente...
RAFAEL                
Não tenho mais espaço. Não tenho de onde tirar dinheiro. Estou todo endividado por causa destes regulamentos idiotas e você ainda quer levar os meus queijos? Eu vou falir! (Desesperado)
ARTHUR              
 Eu apenas fiscalizo. É para o bem dos consumidores que o Estado garanta a qualidade do queijo produzido.
RAFAEL                
Mas você mesmo experimentou e disse que meu queijo era excelente! Não é verdade Guilherme? E devolve este queijo aqui! (Disputando o queijo com Guilherme)
GUILHERME       
  (Soltando o queijo) – É, disse mesmo chefe.
ARTHUR               
Eu disse, mas isso foi antes da fiscalização. Pega o queijo Guilherme. E guarda esse aí ali, no porta luvas. (Guilherme solta uma risada, enquanto toma o queijo de Rafael e o leva para o veículo)


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