segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Lançamento de 'A independência do Brasil' - 19h na Livraria da Vila do Shop. Pátio Paulista

 

Nesta sexta, 3/fevereiro, as 19h! Lançamento do livro 'A independência do Brasil' de Teixeira e Sousa - na Livraria da Vila do Shop. Paulista. Conheça a obra, apresentada por Luiz Philippe de Orleans e Bragança, com introdução de Cristiano Xavier. À venda na Livraria do Roberto Motta, na Amazon, Mercado Livre e nas principais livrarias virtuais.


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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Preparem-se para a sua próxima aventura: ETERNAU

 

Eternau - Marco Paulo Silva - BKCC Livros 2023
ETERNAU, de Marco Paulo Silva

"À medida que o momento se aproximava, na mente de Dante efervescia todo um épico plano traçado ao mais ínfimo pormenor. Não era o que ele poderia alcançar que o motivava ao ímpeto, mas a jornada em si empreendida, por meio da qual, tão só, todo um inefável sentir, estado de espírito e propósito poderiam ser materializados. 

Perante uma cordilheira de íngremes descalabros, escarpadas quimeras e alcantis falácias que se exibem e imperam defronte à nossa pequenez, impotência ou despreparo, a reação mais natural a todo e qualquer “alpinismo e alpinista” (na tentativa de expor, trazer e restabelecer a verdade) será a resignação, a descrença e a renúncia. Todo o intrépido arauto que se mostra inconformado, e o expresse, terá de estar ciente de que será essa a reação massiva que enfrentará. O ostracismo, o cancelamento e a ridicularização, todas juntas, intercalando-se, ou uma por vez, serão, pois, ululantes e incontornáveis obviedades, pois que, quanto mais ignorante e alienada é a criatura, mais bisonhas lhe parecerão as explicações de quem estuda, se blinda e, com cristalina lucidez, capta, entende e antecipa os complexos enredos, as contrariedades, as adversidades e os dilemas que se lhe apresentam.

No frigir dos ovos o que realmente importa e conta é o realizar da obra, quem a fez e nela encontrou todo um sentir e sentido, inspirado por algo ou alguém que, por sua vez, inspirará outros. Dante garantiu, no dia em que zarparam, sob palavra de honra e testemunho de muitos que traria os amigos sãos e salvos e com a gáudia sensação de terem feito algo extraordinário"

 

Pré-venda


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE 06.1 / 14

 

ATO VI / Cena 1 - A máquina dos sonhos

Decepcionado, Jonas se vê novamente sozinho, perdido naquela cidade estranha e com gente esquisita, “eu não estou legal”, desabafa, só quer voltar para a sua casa. Sua barriga ronca de fome e lembra-se de que não comeu quase nada desde manhã. Pensa em voltar para o litoral e tentar encontrar um porto, onde houvesse barcos nos quais pudesse pedir para trabalhar em troca de uma passagem para casa, afinal, era um rapaz honesto e esforçado, e toparia qualquer tipo de trabalho. Caminha sem rumo por entre as gentes quando percebe um velho carroceiro tentando subir, sem sucesso, uma pesada máquina em sua carroça. Ele observa o velho, repetindo os mesmos movimentos como quem sabe exatamente o que faz, mas frustrado pela ausência da força que um dia teve mas que se foi com a idade. Agora, é o velho quem o observa.

SANTANA
- Ei, menino! Venha cá, venha cá... te pago cinco
ciros se me ajudar a colocar essa máquina na carroça.

JONAS
- Cinco
ciros?

SANTANA
- Dinheiro, garoto! Cascalho, grana, bufunfa! Quer ou não quer?

JONAS
- Claro, claro!... Quem sabe eu não junto o bastante para poder sair daqui. - Aquele homem esquisito usava um chapéu ainda mais bizarro, vermelho, todo cheio de penas, que ficavam caindo enquanto ele ensinava Jonas onde pegar para levantar aquela grande máquina para cima da carroça.

SANTANA
- Pronto! Muito bem… (ofegante) você estava dizendo… para onde quer ir, meu filho? Qual é o seu sonho? - Pergunta o velho a Jonas, limpando o suor da testa.

JONAS
- Ir para casa... - Jonas lê a inscrição na máquina, em grandes letras douradas: -
MÁQUINA DOS SONHOS DE LUIS DA SILVA, máquina dos sonhos? Quer dizer que essa máquina faz os sonhos das pessoas virarem realidade?

SANTANA
- Certamente que faz! - Responde, retirando um painel da parte traseira da máquina, onde se via as partes de um antigo toca discos. Na parte de cima ficava o alto-falante, por onde o som saía.

JONAS
- Espera aí, isso é apenas uma velha caixa de música!

 SANTANA
- O que você esperava? Uma linda fada azul? - Debochou o homem.

JONAS
- Sei lá, esperava por algo mais misterioso, alguma coisa realmente especial, capaz de fazer os sonhos das pessoas virarem realidade. - O homem larga o painel e vira a cabeça, observando-o maliciosamente, como já deveria ter feito milhares de outras vezes, com centenas de outras pessoas.

SANTANA
- A máquina dos sonhos diz às pessoas o que elas querem ouvir. Diz o que elas devem fazer para realizar os seus sonhos. (Vendo a expressão confusa de Jonas, continua) Escuta, todas as pessoas têm desejos, certo? Então elas me pagam, eu giro esse botão, aperto este outro e pronto! A velha máquina toca a mesma mensagem, a mesmíssima mensagem..., mas sempre encontra muitos sonhadores que adoram ouvi-la.

JONAS
- Então essa máquina hipnotiza essas pessoas?

SANTANA
- Ah, não... não, não, não! (Balançando o dedo em riste) Ela lhes diz que eles são pessoas boas e o que desejam também é algo de bom. Tão bom, que eles deveriam exigir isso! O único problema é que quando se faz um desejo, nunca se sabe exatamente para quem o desejo vai se realizar.

 JONAS
- É só isso? - Rebate, frustrado com a explicação.

SANTANA
- Só isso.

JONAS
- E o que é que esses sonhadores exigem?

SANTANA
- Ah, isso depende de onde eu paro. Normalmente, em frente a alguma fábrica como aquela ali, no final da rua, as vezes eu paro a máquina em frente à Prefeitura. O que as pessoas sempre pedem é mais dinheiro, como as coisas estão sempre mais caras, ter mais dinheiro é uma coisa boa.

JONAS
- E essas pessoas que desejam mais dinheiro, elas conseguem?

SANTANA
- Algumas conseguem... (estalando os dedos) assim! Depois de ouvir a máquina, os operários daquela fábrica fizeram um protesto em frente à sede dos Iluminados e exigiram leis que obrigassem a fábrica a triplicar os seus salários e... conseguiram!

JONAS
- Isso parece ótimo! Eles devem ter ficado muito felizes!
 

SANTANA
- Felizes, sim, mas por pouco tempo. A fábrica fechou há alguns dias. Parece que não conseguia ter lucro suficiente para pagar esses salários maiores.

JONAS
- Mas então os sonhos deles não se tornaram realidade, se a fábrica fechou, ninguém vai receber mais dinheiro, nem mesmo o salário... o senhor é um mentiroso!

SANTANA
- Pera lá, meu jovem, pera lá! Os sonhos viraram realidade sim, apenas não se sabe para “quem”, mas alguém conseguiu realizar esse desejo! Quando os custos sobem aqui e uma fábrica se fecha em Corrumpo, aumenta a quantidade de pedidos, de empregos e até de salários... veja só! Só que em uma outra fábrica, em uma outra ilha. Os trabalhadores daqui desejaram, mas quem levou foram os trabalhadores de lá (dando de ombros). Tome aqui o dinheiro, meu rapaz, cinco ciros, como combinado.

JONAS
- Obrigado. Para onde o senhor vai agora? - Agradece ao velho, guardando o dinheiro no bolso da calça.

SANTANA
- Oras, para qualquer lugar! (Levantando os braços) Para qualquer ilha, com qualquer povo... para onde precisarem de mim e houver desejos de coisas boas!

 

 

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PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE 06.2 / 14

 

ATO VI / Cena 2 - Criando dificuldades para vender facilidades

Jonas ficou ali, parado, observando o velho e a carroça se afastarem lentamente. Pensa nas palavras do carroceiro, no que lhe fazia feliz e nas pessoas que ele ama. Lembrou dos pais, dos seus amigos, dos lugares queridos de sua ilha. Colocou as mãos nos bolsos de sua calça e sentiu um pequeno papel dobrado. Era a nota de cinco “ciros” que o velho havia lhe dado. Levou-a contra a luz e ficou pensando se aquele pedaço de papel amassado, com um número tão pequeno escrito nele ainda valia alguma coisa. Pensativo, desabafa em voz alta e nem percebe a presença da mulher observando-o detalhadamente, cerrando os olhos, como se fosse um caçador observando a sua presa, procurando o ponto mais vulnerável antes do bote.

JONAS
- Será que eu fui enganado? - Distraído, nem percebe a mulher chegando de mansinho, até ser interrompido bruscamente e levando um baita susto.

DIRCE TRAMÓIA
- OLÁ!!! (Falando alto) TUDO BEM? COMO VAI? MUITO PRAZER! QUE LINDO DIA, NÃO? - Cumprimentando-o efusivamente, sacudindo sua mão sem parar.
 

JONAS
- O-Olá?... - Ainda se recuperando do susto daquela mulher robusta e toda alegre que apareceu do nada.

DIRCE TRAMÓIA
- Eu sou Dirce Tramóia, representante deste liiindo bairro no Conselho dos Iluminados e ficaria muuuito grata em ter a sua contribuição e o seu voto para me reeleger para este importante cargo de representante desta valorooosa comunidade. - Disse tudo isso num fôlego só e sem soltar a mão de Jonas.

JONAS
- É mesmo, é? Mas, o que... - conseguindo soltar a sua mão.

DIRCE TRAMÓIA
- Sim! Sim! Sim!!! (Interrompendo Jonas novamente, e mal ouvindo sua resposta) E vou lhe pagar muuuito bem. Estou disposta a lhe oferecer um graaande negócio! Melhor proposta não há! O que me diz, meu rapaz? Hein, o que me diz?

JONAS
- Eu... a senhora... quer dizer, a senhora vai me pagar por uma contribuição e um voto? - Ainda desconcertado, sem entender qual era a proposta daquela senhora maluca que fala demais, coisa sem coisa, sem, ao menos, parar para respirar.

 DIRCE TRAMÓIA
- Claro que não! Eu não posso lhe dar dinheiro, isso seria propina, o que é muuuito ilegal, e corrupção ativa é um crime bem grave. Maaas... eu posso lhe dar algo tão bom quanto dinheiro e que vale bem mais que o valor da sua contribuição e é isso que farei o que me diz? - Diz sorrindo, cutucando-lhe a barriga com o cotovelo e dando pequenas piscadelas bem indiscretas.

JONAS
- Hum, parece bom. Mas como é que a senhora... - mal termina de perguntar é novamente interrompido.

DIRCE TRAMÓIA
- Vamos, diga-me rapaz, qual é a sua ocupação? Eu posso lhe conseguir um financiamento, uma licença, um subsídio ou, quem sabe, você está precisando de um benefício fiscal? Já seiii... (abaixando-se e falando baixinho ao ouvido de Jonas) você precisa arruinar seus concorrentes... eu posso criar normas! Taxas, inspeções, regras malucas, regulamentos... (jogando papéis e mais papéis para cima) veja! Melhor investimento, não há.

JONAS
- Entendi... a senhora é realmente muito generosa, Sra. Dirce, e também deve ser bastante rica, para querer me dar muito mais do que me pede em

 DIRCE TRAMÓIA
- Eu, rica? Hahahahaha (rindo gostoso, saboreando aquelas palavras). Eu não sou rica,
bem, ainda não. Generooosa? Pode-se dizer que sim, mas eu não pretendo pagá-lo com meu próprio dinheiro, é claro. Em verdade, eu cuido do dinheiro do governo, aquele que vem dos impostos e, para ser bem sincera, posso ser bastante generooosa ao usar esses fundos, especialmente, com as pessoas certas.

JONAS
- Mas, isso não seria uma espécie de... você sabe... tipo, um suborno? - Dirce Tramóia perde a paciência com Jonas. 

DIRCE TRAMÓIA
- Escuta, eu vou ser mais clara com você, meu amigo (passando o braço sobre o ombro de Jonas e apertando-o junto ao seu corpo). É suborno, mas é legal quando o político usa o dinheiro das outras pessoas e não o dele. Você também não pode me dar dinheiro em troca de favores, mas... se for uma (fazendo aspas com as mãos)
contribuição de campanha, ah... aí tudo bem!

JONAS
- Eu não compreendo (tentando sair daquele abraço desconfortável). Para mim, não tem diferença de quem é o dinheiro ou de quem dá dinheiro, para quem, em troca de votos ou de coisas (desgarrando-se). Não importa o nome que se dê para isso, continua sendo a mesma
coisa, ainda é suborno. - Dirce Tramoia olha Jonas dos pés a cabeça, como que avaliando aquele rapazinho esfarrapado.

DIRCE TRAMÓIA
- Ninguém lhe paga nada enquanto você não tem favooores para vender. Você ajuda o carroceiro com um probleminha e ganha um dinheirinho, eu ajudo as pessoas com graaandes problemas, como um imposto ou uma fiscalização, e ganho um dinheirão! Felizmente, para mim, eu sempre encontro uma maneira de evitar as milhaaares de normas que eu mesma crio... hehehe, e sempre tenho favores valiosos para vender.

JONAS
- A senhora pede o dinheiro e o voto das pessoas em troca de ajudar a resolver as dificuldades que você mesma criou... e com o dinheiro delas!!! - Arregalando os olhos, entendendo a tramoia.

DIRCE TRAMÓIA
- Beijo, tchau. Já vi que não vai dar em nada. - Diz, dando-lhe as costas e indo embora. Jonas fica boquiaberto com tamanha falsidade daquela senhora interesseira

 

 

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PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE 06.3 / 14

 

ATO VI / Cena 3 - Seu passado ou seu futuro

Ainda perplexo com o tamanho da cara de pau da senhora Dirce Tramóia, Jonas não percebe a aproximação de outra figura enigmática, que os acompanhava à distância, atento à conversa entre os dois. Caminha sorrateiramente pelas sombras do Sol da tarde, aproximando-se lentamente de Jonas na ponta dos pés, como um gatuno silencioso prestes a atacar a sua vítima. Com um lance rápido de mãos, o ladrão segura um dos braços de Jonas e encosta uma arma nas suas costas, surpreendendo-o.

LADRÃO
- Shiuuu! Shiu, quietinho garoto... agora, devagarinho, passe-me o seu passado, ou seu futuro. Vai, passa!

JONAS
- É… passar o quê??? - Responde, pego de surpresa e tremendo de medo. - Não... não entendi...

LADRÃO
- Você escutou muito bem, anda! O seu dinheiro ou a vida! - Apertando ainda mais a arma gelada contra as costas de Jonas que rapidamente enfia a mão no bolso e saca a nota de 5
ciros que recebera de Santana.

JONAS
- Tome, pegue, é tudo o que eu tenho, por favor não me machuque... por favor...

LADRÃO
- Credo, só isso? Você não trabalha não? - Pergunta, olhando com desdém para a nota amassada.

JONAS
- Não, não tenho trabalho. Mas, tudo que eu tinha, e agora não tenho mais, eu ganhei honestamente!

LADRÃO
- Pode ser, espertinho, mas eu não sou pior do que aquela mulher com quem você estava conversando. Veja bem, a única diferença é que ela gasta muita saliva convencendo as pessoas a deixar que ela faça o serviço sujo por elas... você sabe: cobiçar, roubar, mentir... em alguns casos (fazendo cara de malvado), até matar! E tudo legalmente. Enquanto eu (tirando uma corda do bolso), estique as mãos por favor, sou muito mais persuasivo com essa belezinha aqui...

JONAS
- Ai! Está apertado!

LADRÃO
- Fique quieto! Já tenho o seu passado, agora, vou pegar o teu presente. Sem sua liberdade você não pode me atrapalhar. Quer saber... sabe que você me deu uma boa ideia?

 JONAS
- Ai meu Deus, que ideia? - Diz, com a maior cara de preocupado.

LADRÃO
- Estou ficando velho, eu preciso diminuir um pouco os riscos. (Olhando para os lados, garantindo que ninguém os observa e para um momento, olhando para seu revólver) Acho que eu vou fazer uma visitinha para a Dirce Tramoia, eu tenho talento em ameaçar... quero dizer, convencer as pessoas. Vou prender você ali, naquele beco. - Amarra Jonas e vai embora. Enquanto tenta se soltar da corda, Jonas pensa no que o ladrão lhe disse.

JONAS (No beco)
- O que será que ele quis dizer com
passe o seu passado ou o seu futuro?... o seu passado, ou o seu futuro... tudo o que eu tenho... meu dinheiro, minhas coisas... seu eu tivesse alguma coisa ou minhas propriedades, tudo o que eu acumulei até hoje... isso é o meu passado, ai! (faz força, sem conseguir soltar a corda). Se ele tivesse me matado eu não teria nem a vida, nem o futuro. Ao invés disso ele me amarrou e tirou a minha liberdade, o meu presente. Entendi... minha vida, minha liberdade e minhas propriedades são como o meu futuro, o meu presente e o meu passado!
 


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PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE 07 / 14

 


ATO VII - Bazar de governos

Uma vaca marrom vem calmamente pela rua quando percebe Jonas amarrado no beco. Jonas ainda se debate, tentando se livrar das cordas quando ouve um mugido vindo na direção da rua. O grande animal muda de direção e vai ao seu encontro, enquanto muge um sonoro “muuuuu”, entortando a cabeça, espantada pela presença daquele menino ali, amarrado no chão. Logo, aparece uma outra vaca, amarela, guiada por um velho resmungão e seu pequeno bastão. O badalo em seu pescoço ressoa ritmicamente, acompanhando o balançar das ancas do animal até que silencia, observando aquele ser curioso ali no beco.

VELHO
- Anda, mimosa, vai criatura! Não temos o dia todo! Tem muito chão ainda até a feira... - resmunga o velho, cutucando a vaca amarela com a pequena vara.

JONAS
- Ei! Senhor! Pode me ajudar!?!

VELHO
- Quem está ai? - Pergunta, olhando para o beco e encontrando Jonas no chão, amarrado.

 JONAS
- Poderia me ajudar com a corda, fui assaltado e o ladrão me amarrou. Ele levou o meu dinheiro! - O velho saca um canivete do bolso e corta a corda. - Obrigado, senhor! - Agradece Jonas, passando as mãos pelos pulsos doloridos.

VELHO
- A cidade é um lugar perigoso, meu jovem. Eu mesmo, se não tivesse pensado que o governo poderia me ajudar, nunca teria colocado os pés aqui, novamente!

JONAS
- O senhor acha que o governo pode me ajudar a recuperar o meu dinheiro?

VELHO
- Não (balança a cabeça negativamente, resoluto). Mas não custa tentar… quem sabe você, jovenzinho, não tenha mais sorte do que eu lá no Bazar de Governos.

JONAS
- O que é Bazar de Governos? É um lugar onde se vende o gado? - Pergunta, apontando para as vacas do velho.

VELHO
- Isso é o que eu vim descobrir. Na verdade, é uma espécie de feira livre, onde os homens ficam vendendo todo tipo de governos, para tratar dos assuntos dos cidadãos.

 JONAS
- Hein? Não entendi nada. O que é que eles vendem nesse lugar?

VELHO
- Veja só (traqueja, ajeitando as calças), cada vendedor oferecia uma forma de governo. Tinha lá um lenhador que se dizia
socialista. Ele me disse que tiraria uma das minhas vacas e daria para outra pessoa que está precisando. Eu não dei muita bola, pois se é para ajudar alguém eu mesmo ajudo. Não preciso de alguém para me ajudar a dar uma vaca minha a alguém necessitado, eu mesmo faço. Tinha também um outro sujeito, de sorriso largo e dizendo que se importava demais comigo. Bem estranho, pois eu nunca vi o tal sujeito na vida. Parecia um cara legal, mas aí disse que seu governo me tomaria as duas vacas! (Exclama o velho, indignado) Veja se pode! Disse que seria justo pois todos seriam donos de todas as vacas e, QUANDO eu precisasse, ele me daria um pouco de leite... e ainda precisava cantar um hino lá, do partido deles...

JONAS
- Um hino? Deve ser legal...

VELHO
- Mas não ajudou muito, ainda mais quando eu vi que ele ia ficar com a maior parte do leite, mesmo. Então, eu continuei olhando, dei uma volta pelo salão e encontrei dois vendedores batendo boca, um deles era o
fascista e o outro o nazista. Suas propostas eram iguaizinhas à do comunista, me tirariam as duas vacas e, olha a cara de pau… me venderiam uma parte do leite! (solta uma grande gargalhada) Veja se pode! Eu, tendo que pagar pelo leite da minha própria vaca! Daí a discussão recomeçou, pois o fascista me ameaçou se eu não fizesse continência para a bandeira dele, ali mesmo… enquanto o nazista queria que eu vestisse um uniforme...

JONAS
- Mas que loucura! Daí o senhor saiu de lá correndo, certo?

VELHO
- Antes que eu pudesse dar um passo, apareceu um outro vendedor, o
burocrata. Ele me cercou e disse que o governo dele cuidaria de tudo, que ele tinha a solução perfeita. Para começar, ele precisava valorizar o produto, então cuidaria das minhas duas vacas. Mas daí, disse que ia matar uma delas para reduzir a oferta de leite e que ia ordenhar a outra para, veja só a loucura das grandes! Jogar metade do leite fora!!! Agora, me diga, se o sujeito não tem que ser muito doido para fazer uma coisa dessas?

JONAS
- Essa história parece mesmo muito estranha. E o senhor escolheu algum desses governos?

 VELHO
- Nem pensar, meu filho! Quem é que precisa deles? Eles que cuidem dos assuntos deles, como a saúde e a segurança (mostrando a Jonas a corda que o ladrão usou) e me deixem em paz para eu mesmo cuidar das minhas vaquinhas… que é o que eu vou fazer agora, vou vender uma delas e comprar um touro, isso sim!

JONAS
- E, quanto a mim, será que os Iluminados podem me ajudar?

VELHO
- Vai, mimosa!!! (cutucando as vacas novamente) Não sei, meu filho, não sei, mas não custa tentar. Siga reto por esta rua e você vai encontrar a prefeitura de Corrumpo. Boa sorte, meu filho! - Cumprimenta Jonas e sai, cutucando suas vacas

 


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