domingo, 14 de julho de 2019

ATO VII - Renascimento, do Absolutismo à Burguesia


Renascimento, do Absolutismo à Burguesia - Livro Burgos Riqueza


NARRADOR
O poder pela espada há muito se deslocou da aristocracia. Esta, não era afeita ao cultivo da inteligência – restrito aos clérigos, tampouco ao cultivo da terra – coisa de servos ou arrendatários, nem mesmo ao cultivo dos negócios – ocupação de judeus e burgueses. O fim das invasões bárbaras, a produção de excedentes e o crescimento populacional proporcionou o surgimento de um comércio incipiente. De pequenas feiras temporárias de dentro dos feudos, tornaram-se grandes, permanentes e transformaram o entroncamento das principais rotas, em verdadeiros Burgos. Nestas novas cidadelas fortificadas, de pessoas livres do jugo da nobreza, surgiu uma pequena elite burguesa economicamente independente, capaz de emprestar dinheiro aos reis e aos senhores feudais em dificuldades. O poder começou a mudar de mãos e a romper com as estruturas medievais.
DESCRIÇÃO DA CENA: Oliveira chega à oficina de Miguel, que trabalha sentado, esculpindo o anjo que Oliveira lhe encomendou, para entregar de presente ao pai de sua futura esposa.
MIGUEL
Sr. Oliveira, que bons ventos o trazem à casa deste humilde amigo?

OLIVEIRA 
Deixe de modéstia Miguel, bem sabes que teu ego não faz jus ao teu talento.

MIGUEL 
És mui gentil Sr. Oliveira. Mas se viestes buscar a tua encomenda para o vosso casamento com a Marquesa Catarina, ainda não terminei.

OLIVEIRA 
Pois que se aprume Miguel. O tempo é curto!

MIGUEL 
Se queres que a arte iguale em beleza a virtude que procuras, não me apresse.

OLIVEIRA 
Decerto Miguel! Quero que todos vejam nela a expressão da minha virtude.

MIGUEL 
A plena expressão está na proporcionalidade Sr. Oliveira; de conseguir coordenar todas as partes da maneira correta. Afinal, Deus se apraz em todas as coisas, das grandes até os menores detalhes.

OLIVEIRA 
Está bem Miguel, não vou te atrapalhar. Sabes que não há beleza neste mundo que retribua o dote que receberei de minha amada noiva.

MIGUEL
Por que se importas tanto em ser Marquês, Sr. Oliveira? Tens mais dinheiro do que toda esta nobreza junta. Que grandeza mais quer provar?

OLIVEIRA 
Caro Miguel, bem sabes que não tenho sangue judeu. Tampouco meus antepassados se ocuparam em qualquer tipo de ofício mecânico – desculpe -...

MIGUEL 
Não me ofende, não se preocupe.

OLIVEIRA 
... e mesmo assim, me julgam como um inferior, não importa o quão rico eu seja.

MIGUEL 
A mim, basta a liberdade que tenho aqui no burgo e saber que todos estes culottes dependem de ti para viver, meu amigo.

OLIVEIRA 
Pois a mim não basta ter o poder de fato, quero o poder de direito. E para tal, eu preciso ser um “marquês”.


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