domingo, 4 de agosto de 2019

Ato III - Período Clássico, das Leis à Cultura

Período Clássico, das Leis à Cultura - Livro - Grécia - Roma - Democracia

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(NARRADO)

Das civilizações suméria e egípcia, passando pela união das cidades-Estado gregas, pelo império persa e a difusão da cultura helenística 13 até chegar ao grande apogeu de Roma, o homem evoluiu de sua religiosidade e formas geometrizadas para a busca filosófica e naturalista. Nesse salto espetacular ele desenvolveu conceitos como cidadania, democracia e metafísica, chegando até mesmo a flertar com a teoria atômica 14 e o heliocentrismo 15. Ao tentar descrever o seu mundo por meio da reflexão, o homem elevou a ciência, as artes e a cultura a níveis não superados nos quinze séculos seguintes.
Descrição da cena:
Cléripe debate com senadores uma proposta de escolha para os cargos públicos que fosse ainda mais democrática e justa que a eleição pelo voto.
CLÉRIPE
Senadores e demais homens livres aqui reunidos, fica a pergunta: como vamos resolver esse impasse?
CÍMON
Caro Cléripe, todos os senhores aqui presentes podem votar e ser votados. Não existe forma mais perfeita e mais democrática de escolha.
CLÉRIPE
Senador, não estamos dizendo que a escolha pelo voto seja ruim. Apenas mostrando que ela não é justa o suficiente.
CÍMON
Como não é justa? O próprio Clístenes 16 não seria mais ousado! (indignado)
TESEFIÃO
Um momento senador Címon, deixe-o falar.
CLÉRIPE
Todos os homens livres, ricos e pobres, podem votar e ser votados. Porém, o poder político permanece sempre com as mesmas famílias.
CÍMON
A fortuna de algumas famílias não é motivo de desonra, é uma virtude que deve ser valorizada!
TESEFIÃO
Concordo, senador Címon, o poder e a riqueza de um homem não são motivo de desonra.
CÍMON
Obrigado, senador.
TESEFIÃO
Porém, a riqueza herdada ou adquirida tampouco é uma virtude, mas rende sempre muitos votos. Cléripe tem um ponto interessante.
CÍMON
Caro senador, está afirmando que eu não tenho virtude necessária para o cargo por ser de uma família aristocrática?
TESEFIÃO
De modo algum! Apenas recordei que a virtude que queremos é somente aquela adquirida pela prática recorrente da ética, quando se pratica o correto mesmo sem a obrigação de fazê-lo.
CLÉRIPE
Pelo mesmo motivo, não devemos votar em um bom pagador de impostos. Não existe virtude na ética passiva, quando se age involuntariamente ou por coerção.
CÍMON
E qual é a sua proposta, caro Cléripe? O que poderia ser melhor do que a escolha pelo voto??
CLÉRIPE
Caros senadores, eu proponho um método que trate a todos igualmente, sob as mesmas regras e sem distinção: um sorteio!
TESEFIÃO
É realmente uma proposta interessante, entretanto, como todos poderiam participar, não corremos o risco de escolher alguém sem a virtude necessária?
CLÉRIPE
Todos os homens livres podem participar do sorteio, mas, o escolhido deverá ser virtuoso e cumprir com os critérios atuais 17.
CÍMON
Não vai funcionar, podemos sortear alguém que more longe, no interior ou no litoral. Não podemos depender de alguém que ficará a maior parte do tempo ausente da assembléia...
TESEFIÃO
Todos os cidadãos têm o direito à palavra, à igualdade das leis e à participação política. Caso precise, podemos pensar em alguma forma de compensação financeira.
CLÉRIPE
Ninguém deverá ser penalizado em seu direto à plena democracia. Perfeito, senador! Acho que conseguimos.


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13 - Do grego, “viver como os gregos”. 
14 - Veja: Leucipo de Abdera (primeira metade do século V a.C.) e Demócrito de Abdera (460 a.C. – 370 a.C.). 
15 - Veja: Aristarco de Samos (310 a.C. – 230 a.C.). 
16 - Popular político aristocrata ateniense, iniciou uma série de reformas político-administrativas em 508 a.C. que serviriam de base para as modernas democracias. 
17 - A Dokimasia era uma audiência pública em que se verificava a ascendência ateniense do candidato por parte de mãe e de pai, sua vida pregressa, o caráter e a moral do candidato ao cargo público.

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