quinta-feira, 11 de maio de 2023

PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE - Ato 05 / 14

ATO V - Dinheiro infinito

ANTES QUE O POLICIAL LHE PEÇA UM documento, uma licença ou alguma coisa parecida, Jonas escapa de fininho. Tudo aquilo para ele era uma imensa maluquice! Haveria de ter uma explicação. Como era possível prender as pessoas só por não gostarem de alguma coisa? Jonas pensava, levando as mãos à cabeça, que tudo aquilo era uma tremenda loucura, ele não conseguia entender. 

Jonas caminha de volta para a trilha e segue agora pelo outro caminho. Após alguns minutos de caminhada, por entre as árvores em menor número, descortina-se a silhueta de uma cidade, para espanto e felicidade de Jonas. Havia lá, muitas casas e uma multidão que carregava coisas, para lá e para cá. Finalmente, ele poderia encontrar uma maneira de voltar para casa! Bateu a poeira das roupas, endireitou a coluna e prosseguiu, até que parou de frente para uma grande casa, onde se ouvia o ruído de muitas máquinas trabalhando. “Deve ser o jornal local, eles devem ter uma resposta”, pensou, ouvindo o barulho de muitas impressoras. Jonas observa um casal elegante passando e pergunta a eles.
 

JONAS
- Por favor, poderiam me informar onde fica a entrada desta casa?

CAVALHEIRO
- E por qual motivo você deseja entrar na Casa da Moeda, meu jovem?

JONAS
- Casa da Moeda? Eu pensei ter ouvido o barulho de impressoras, não é de um jornal?

CAVALHEIRO
- Sim, trata-se realmente de grandes impressoras e, não, não se trata de um jornal mas, da grande Casa da Moeda de Corrumpo.

JONAS
- Ah... eu esperava encontrar um jornal, com informações que me ajudassem a entender as coisas. Quem sabe, até como voltar para casa. - Responde, desapontado e triste.

DAMA
- Pois anime-se, meu jovenzinho. Aí dentro eles imprimem montanhas de dinheiro todos os dias. Muito dinheiro, para deixar as pessoas bem felizes!

JONAS
- Que boa ideia! Então, eu também poderia imprimir bastante dinheiro e comprar uma passagem de volta para casa, quem sabe, poderia comprar até meu próprio barco! Uau!

 DAMA
- Não, não, não, meu jovem (reprovando Jonas com a cabeça), não, não, não! Isso é impossível.

CAVALHEIRO
- Veja bem, meu jovem, qualquer pessoa que imprima dinheiro sem a permissão dos Iluminados, será condenada por falsificação e presa. Não toleramos isso por aqui, entenda: quando os falsificadores imprimem e começam a gastar muito por aí, quem recebe esse dinheiro todo, também começa a gastar muito... logo, com muita gente gastando muito dinheiro, todos os preços sobem e tudo fica cada vez mais caro!

DAMA
- Quem comprava três pães, no outro mês, não consegue comprar mais que um. Isso, rapazinho, chama-se “inflação”. Ela faz com que o dinheiro que as pessoas recebem passe a valer cada vez menos, pobrezinhas...

JONAS
- Eu não entendo. A senhora havia me dito que imprimir dinheiro deixava as pessoas felizes. Como elas podem ficar felizes se imprimir mais dinheiro as deixa... mais pobres? - Pergunta, contrariado.

DAMA
- Sim, você está certo... contanto que...
- ...contanto que seja uma impressão permitida pelo governo! Quando o dinheiro é oficial, então aqueles que o emitem não são ladrões. Na verdade, quem escolhe como gastar esse dinheiro são os Iluminados.

DAMA
- Os Iluminados são muito generosos! Eles gastam esse dinheiro em projetos para as pessoas leais que gentilmente votam neles.

JONAS
- Só mais uma pergunta, acho que não entendi ainda: Vocês me explicaram que o valor do dinheiro diminui quanto mais dinheiro é impresso. Isso também acontece quando é o governo que imprime o dinheiro? E todos concordam com isso?

DAMA e CAVALHEIRO
- Claro que concordamos! Entreolhando-se e respondendo ao mesmo tempo.

DAMA
- Há tantas prioridades, tantos necessitados que precisam de ajuda... pessoas com fome, pessoas sem um teto para morar, muitos idosos doentes, precisando de remédios...

CAVALHEIRO
- Os Iluminados estudaram muito bem as dificuldades da ilha e concluíram que as principais causas dos nossos problemas são,
primeiro, o azar e, em segundo, o clima. Certamente o azar e o clima são a causa dos aumentos de preços e da queda do nosso padrão de vida... e... tem também os estrangeiros. - Fala a última frase baixinho, ao pé do ouvido de Jonas

DAMA
- Ah! Os estrangeiros... estão sempre tentando arruinar a nossa pobre economia. Tentam nos vender alimentos e roupas a preços prejudicialmente baixos e assim, destruir nossos empregos. Ainda bem que os Iluminados que sempre os tratam com muito rigor.

CAVALHEIRO
- Sorte que temos esses sábios para decidirem o que é bom para nós. Vamos, querida, estamos atrasados. Boa sorte, meu rapaz. - Despedem-se de Jonas e voltam a caminhar.

 

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