segunda-feira, 22 de maio de 2023

PEQUENO TEATRO DA LIBERDADE - Ato 04 / 14

 ATO IV - O ZOOLÓGICO

Jonas retoma a sua caminhada e parte em busca da cidade. Ainda tentando entender aquela situação absurda da senhora querendo proibir o Sol repara, mais adiante, que há uma bifurcação na trilha. Um pequeno trecho leva até um descampado onde estão duas grandes jaulas e uma placa de madeira, informando em enormes letras garrafais que ali era a entrada do Zoológico. Logo abaixo da placa, está um senhor gordinho com chapéu azul, de aparência muito agradável, vestindo um uniforme da mesma cor do chapéu e que parecia ser da polícia ou de algum tipo de autoridade. Ele percebe a presença de Jonas e o chama, acenando com o braço e caminhando em sua direção.

POLICIAL
- Como vai, meu jovem? Seja muito bem-vindo ao Zoológico de Corrumpo! Como você é o primeiro visitante do Zoológico no dia de hoje, eu faço questão de lhe oferecer uma visita guiada! Qual é a sua graça, meu belo rapaz? - pergunta, colocando a mão no ombro de Jonas.

 JONAS
- Jo... Jonas. - Responde, gaguejando.

POLICIAL
- Vejo que nunca veio ao zoológico, estou certo? Ah... Claro que estou! Venha por aqui, venha... observe. Deste lado, temos uma grande variedade de animais que o zoológico trouxe de todas as partes do mundo! Do deserto mais seco à floresta mais chuvosa.

JONAS
- Nossa, são muitos... impressionante!

POLICIAL
- E essas grades mantêm os animais em segurança. (batendo com o cassetete nas grades enormes) Assim, as pessoas podem vê-los e os cientistas podem estudá-los. Sem as grades, eles estariam por aí, fazendo bagunça e perturbando a sociedade com seu comportamento desregrado.

JONAS
- Essas grades são enormes e são muitos animais! Acredito que deva ter custado uma fortuna para trazê-los até aqui, cuidar, alimentar...

POLICIAL
- Mas que nada! Ninguém gasta um centavo, quem paga tudo é o governo, hahaha! - Gargalha alto, rindo da inocência do garoto.
- Mas o dinheiro do governo vem dos impostos e todos que pagam impostos também estão pagando os gastos do Zoológico, correto? No final, todo mundo, sem exceção, paga essa conta.

POLICIAL
- Todo mundo, sem exceção! Claro, bom, sempre tem alguns que procuram fugir da responsabilidade... dizendo que (imitando uma voz grossa)
não gosto de zoológico ou porque acham que os animais deveriam (fazendo voz fina) ficar em seu habitat natural... enfim... quando esses cidadãos se recusam a sustentar este belo zoológico nós o removemos de seu habitat natural. Assim, essas pessoas exóticas podem ser estudadas e ficam impedidas de perambular por aí, prejudicando a sociedade com o seu comportamento indisciplinado. - Vira-se para a grade do outro lado e bate o seu cassetete na porta de ferro com grande estardalhaço para que todos ali dentro da jaula o ouçam.

JONAS
- Mas, mas... animais... pessoas... (apontando para os lados) você não pode... você está me dizendo que quem se recusa a pagar pela manutenção do zoológico fica preso aqui? Como animais, para todos verem? - Questiona, completamente atordoado com aquela situação maluca.
- Bem, não apenas os que não pagam seus impostos, temos também outros tipos de criminosos: temos falsificadores, charlatães, aproveitadores, pessoas sem carnês, sem licença de trabalho, sem alvará de construção, os rouba-empregos, os que servem comida sem inspeção ou não obedecem as normas de habitação. Temos também... - A expressão de Jonas muda quando ele ouve rouba-empregos, lembrando-se da mulher que foi presa naquela manhã e ele interrompe o policial.

JONAS
- Peraí, peraí, espera um pouco... (levando as mãos à cabeça, ligando os pontos) o senhor disse
ladrões de empregos?

POLICIAL
- Sim, chamamos esses espertinhos de
rouba empregos, são pessoas que não respeitam a autoridade dos sindicatos, eles simplesmente destroem milhares de empregos com suas invenções irresponsáveis e não têm nenhum tipo de remorso ou de consideração pelo próximo, nada! Se quer saber meu jovem, são o pior tipo de gente que há.

JONAS
- Por acaso, o senhor não reparou se chegou algum desses
ladrões de empregos hoje aqui? Uma mulher, talvez? - Mulher... hoje? Não, meu jovem. Não recebi ninguém hoje, MAS! (apontando o indicador e virando-se para a grade do outro lado, sem perceber que Jonas sai de mansinho, sem ele perceber, voltando para a trilha) Eu recebi um lindo espécime de símio... você sabe, os símios são os parentes mais próximos do homem, uma pena que não falam a nossa língua... você sabia que... meu jovem? Para onde ele foi?
 

 

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